Uso de tecnologia no ensino melhora em 32% rendimento em matemática e física, aponta estudo
Diante da experiência, a pesquisa mostrou que os estudantes com menor desempenho em sala de aula obtiveram maior rendimento com o uso das ferramentas tecnológicas.
Comunicação Sinpro/RS
Ensino superior | Publicado em 04/02/2013
Um projeto realizado pelo núcleo de ensino da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que o uso de ferramentas tecnológicas educativas melhoram em 32% o rendimento dos alunos em matemática e física em comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula.
O estudo Objetos de Aprendizagem em Sala de Aula: Recursos, Metodologias e Estratégias para a Melhora da Qualidade de Ensino foi desenvolvido durante dois anos e avaliou o desempenho de 400 estudantes de oito turmas de 2º e 3° anos do ensino médio da escola estadual Bento de Abreu, em Araraquara, no interior de São Paulo.
Para tanto, as aulas foram divididas entre expositivas e atividades que contavam com o que a pesquisa chama de objetos de aprendizagem, ou seja, recursos tecnológicos que permitem a interação com o conteúdo, como animações, simulações e jogos. Um desses games, por exemplo, ensinava análise combinatória. Nele, os alunos precisavam analisar quantas possibilidades de roupa Susana, a bonequinha animada, poderia usar para ir à balada. Já em outro, usavam o jogo para organizar diferentes times de futebol para aprender sobre arranjo.
Diante da experiência, a pesquisa mostrou que os estudantes com menor desempenho em sala de aula obtiveram maior rendimento com o uso das ferramentas tecnológicas. Aqueles com média cinco, ou abaixo desse valor, melhoraram em 51% seu desempenho em física e matemática. Já aqueles com média acima de cinco, obtiveram um ganho médio de 13%.
“Isso mostra que os alunos que têm maior dificuldade de aprendizagem são os mais beneficiados pelo uso dessa tecnologia. Esses índices evidenciam a importância de olhar com mais atenção para a criação e difusão de recursos que ajudem a inovar as metodologias didáticas” diz Silvio Fiscarelli, coordenador do projeto e responsável pelo departamento de didática da Unesp.
Ao todo, foram trabalhadas cerca de 20 ferramentas tecnológicas nas aulas. Algumas delas, foram criadas pelo núcleo de ensino da Unesp. Porém, a maioria, foi aproveitada de repositórios educativos locais, como o BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) e Rived, programa da SEED (Secretaria de Educação a Distância) ou traduzidas de repositórios internacionais.
Segundo Fiscarelli, foram os próprios professores quem ajudaram a selecionar os conteúdos que seriam trabalhados com ferramentas tecnológicas.
Nova fase
Por conta dos bons resultados, neste ano terá início uma versão mais ampla do projeto, que agora passa a ser apoiado com recursos financeiros da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O número de alunos atingidos subirá para 600 e a pesquisa contemplará os três anos do ensino médio. Também será expandida a quantidade de disciplinas: além de matemática e física, os professores usarão as ferramentas em português, química e filosofia.
Além disso, diferentemente da versão anterior, os alunos não vão mais precisar se deslocar ao laboratório de informática. Serão fornecidos 35 notebooks para que as atividades sejam realizadas dentro da sala de aula. “Essa será também uma possibilidade de comparar os alunos que usavam o laboratório com os que irão usar os computadores em sala de aula. Assim poderemos também verificar se há algum impacto com a mudança”, diz Fiscarelli.
Outro diferencial desta nova fase será a capacitação dos professores e a entrega de bolsas-auxílio aos seis professores participantes do projeto – diferentemente, da primeira etapa, em que não contavam com nenhuma espécie de formação ou pagamento.
Ao longo do ano, serão oferecidas seis capacitações sobre o uso de notebooks na sala de aula, o que são os objetos de aprendizagem e como utilizá-los em cada uma das áreas. Para dar sustentabilidade à iniciativa, Fiscarelli afirma que também serão criados roteiros (do professor e do aluno) para orientar os professores interessados em replicar a metodologia.
De acordo com ele, a iniciativa surge como um know-how antecipado à expansão da tecnologia em sala de aula, que normalmente foca na entrega de equipamentos sem pensar antes no conteúdo. “Antes de fornecer quais equipamentos é preciso pensar primeiro não no hardware, mas no software. Não adianta levar uma lousa digital para a sala de aula se não tiver por trás um bom software”, diz.
Com informações de UOL.