Para MPF, fusão de Anhanguera e Kroton ameaça mercado

O órgão identificou que a fusão apresenta 36 monopólios em mercados de educação, além de uma concentração acima de 50% em outros 165 segmentos.

Comunicação Sinpro/RS
Anhanguera | Publicado em 15/04/2014


O Ministério Público Federal (MPF) afirmou na quinta-feira, 10, que a fusão entre as empresas de educação Anhanguera e a Kroton apresenta “sobreposição” de mercado arriscada para o segmento de educação superior presencial e a distância. O órgão identificou que a fusão apresenta 36 monopólios em mercados de educação, além de uma concentração acima de 50% em outros 165 segmentos. Em parecer, o MPF recomendou a venda de ativos da empresas, de graduação presencial e no ensino à distância. O parecer é parte do processo de fusão ao qual as empresas se submetem para criar uma gigante avaliada em R$ 12 bilhões e foi encaminhado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que julgará o caso.

A procuradoria avaliou que em cinco cursos presenciais (administração, ciência contábeis, gestão de recursos humanos, serviço social e gestão hospitalar) existe uma “sobreposição com elevada participação de mercado e entrada (de concorrentes) e rivalidade insuficientes”. Os problemas apontados pelo MPF envolvem a presença das empresas em 55 cidades do País. No caso de Jundiaí (SP) Cuiabá, Rondonópolis e Várzea Grande(todas cidades do Mato Grosso), o órgão indicou a existência de monopólio. As ações da Anhanguera fecharam o pregão de ontem da Bovespa com perdas que chegaram a 6,99% na cotação mínima de R$ 12,92. Os papéis da Kroton ficaram estáveis, a R$ 46,80.

Mensalidade
Embora o parecer não tenha poder de decisão – caberá ao Cade decidir se o adotará ou não -, esta foi a segunda derrota da Anhanguera e da Kroton desde o anúncio da fusão há um ano. Em dezembro, a Superintendência-Geral do Cade recomendou ao tribunal administrativo que fosse avaliada a possibilidade de que ativos fossem vendidos para evitar “séria potencialidade de efeitos anticompetitivos em diversos mercados”. A superintendência afirmou em parecer que a fusão representava “preocupações graves” por envolver “provável queda significativa da concorrência” em mercados ao possibilitar ” aumentos de preços, redução de oferta, queda de qualidade (), com consequências diretas para um número elevado de alunos em todo o Brasil”.

Em nota divulgada ao mercado, as empresas afirmaram que o parecer do Ministério contém “conteúdo opinativo” e que seguem buscando uma solução negociada junto ao Cade “que inclua remédios para as preocupações concorrenciais identificadas em relação à oferta de ensino superior na modalidade presencial, bem como no que diz respeito à oferta de ensino superior a distância, tudo com vistas a obter a aprovação do acordo de associação dentro do prazo legal”. Na última semana, analistas ponderaram que há a possibilidade de as companhias renegociarem os termos da fusão para evitar que o negócio vá por água abaixo, mas o espaço para isso é pequeno e muito depende do Cade.

Há ainda quem acredite que a Kroton não tem mais interesse na fusão. Segundo uma fonte próxima da companhia, a Kroton vê hoje risco de que o Cade aprove a fusão, mas exija a venda da Uniasselvi, instituição de ensino a distância comprada em 2012 e que é considerada estratégica. De acordo com analistas, porém, existe um risco para a Kroton: perder a Anhanguera para um concorrente. A Anhanguera já chegou a se aproximar da Estácio no passado. De acordo com fontes, a Estácio não quis assinar um acordo de fusão sem uma diligência prévia e logo depois a empresa foi surpreendida com o rápido acerto entre Anhanguera e Kroton.

Com informações de Estadão.