Ulbra pagará aluguel por bens penhorados pela União

A proposta, negociada com a União e demais credores, inclui a reconfiguração societária e a transformação da Ulbra em uma Sociedade Anônima a partir de agosto deste ano.

Gilson Camargo/ Extra Classe
Ensino superior | Publicado em 19/04/2011


Em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, 19, no campus Canoas, a reitoria da Ulbra anunciou um plano de reestruturação da Universidade. A proposta, negociada com a União e demais credores, inclui a reconfiguração societária e a transformação da Ulbra em uma Sociedade Anônima a partir de agosto deste ano.

De acordo com o reitor da Ulbra, Marcos Ziemer, a Ulbra Canoas deixará de ser uma entidade filantrópica, passando a funcionar como uma S. A. e pagará aluguel pelos imóveis que ocupa. Ele ressaltou a recuperação do caixa da instituição, que há dois anos estava com déficit mensal de R$ 15 milhões, além de outros indicadores de saúde financeira. “A Ulbra é viável”, reiterou. Com faturamento mensal de R$ 30 milhões e mais de 100 mil alunos nas modalidades presencial e a distância, a universidade aposta na negociação das dívidas com a União para viabilizar a reestruturação.

Segundo Ziemer, a instituição permanecerá sob o controle da atual mantenedora, a Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp) e os bancos e demais credores não terão poder de gestão na nova configuração. Ziemer ressaltou que a proposta conta com a aprovação da Advocacia Geral da União, do MEC, da Fazenda e da Justiça Federal e, por isso, não se configura em “fraude ao credor”.

“Os bancos não vão virar donos, sócios nem gestores”, ressaltou Ziemer. Segundo ele, serão emitidos títulos no mercado para que haja capitalização e pagamento das dívidas com os credores. Atendendo a uma manifestação de professores em reunião com o Sinpro/RS na última segunda-feira, Ziemer foi categórico em relação aos eventuais impactos das mudanças na universidade. “No plano pedagógico essas mudanças sequer serão sentidas. O perfil da Ulbra permanecerá inalterado. Não há nenhum grande grupo econômico envolvido na reestruturação”, ressaltou, afastando uma eventual venda ou leilão da Ulbra.

O objetivo do plano de reestruturação, enfatizou, é garantir o funcionamento da universidade, que está com todos os bens móveis e imóveis penhorados pela Justiça Federal por conta de dívidas alegadas pela União em R$ 2,922 bilhões. Esses valores são contestados pela reitoria, que reconhece somente R$ 400 milhões. Durante a transição, a instituição continuará pagando parte da dívida até que um acordo seja costurado com a Fazenda. Até agora, segundo Ziemer, já foram pagos cerca de R$ 130 milhões. Enquanto as dívidas são discutidas, os lucros obtidos pela Ulbra S.A. irão para uma conta especial. (Gilson Camargo/ Extra Classe)