Entidades lançam campanha Saúde Mental é uma Questão Sindical
Ação é resultado da oficina integrante da programação oficial do Fórum Social das Resistências, realizado na quarta-feira, 22 de janeiro
Por Comunicação Sinpro/RS
DEBATE | Publicado em 24/01/2020
O Sinpro/RS, em parceria com a ADUFRGS, Cpers, lançou a “Campanha Saúde mental é uma questão sindical”, em oficina integrante da programação oficial do Fórum Social das Resistências. As entidades articulam uma rede de sindicatos e profissionais para debater e apoiar docentes nas questões de Saúde Mental, inicialmente em Porto Alegre. A ideia começou a se concretizar na quarta-feira, 22 de janeiro, durante a oficina.
Cada representante levou ao debate questões específicas dos diferentes tipos de docência. Cecília Farias, do Sinpro/RS, apresentou resultados da pesquisa realizada pela entidade em 2016 e que levaram o Sindicato a agir sobre a questão da Saúde Mental dos professores do ensino privado. Um dos objetivos do levantamento era entender porque a maioria das licenças de saúde formalizadas nos anos anteriores à pesquisa foram por adoecimento mental. “O resultado é muito grave!”, apontou Cecília.
“Mais da metade dos professores se sentia explorado, sentia algum tipo de sofrimento ou apresentou distúrbios psiquiátricos como depressão”. Segundo Cecília, naquela época, as questões da organização do trabalho, como as relações com colegas e chefia, e a instabilidade do emprego eram as principais queixas. A partir de 2018, o assédio dos pais e o controle das aulas passaram a ser as principais reclamações no Sindicato.
A psicóloga da FASE, Regina Jaeger, falou sobre a experiência dela com os servidores da instituição que atende adolescentes em privação de liberdade. Segundo Regina, o desgaste é alto entre os trabalhadores da FASE por conta da natureza e até do local de trabalho, fechado e restritivo.
Regina afirmou ainda como os sindicatos são importantes nesse processo de analisar outras possibilidades de trabalho e de diálogo. “O modo de viver no capitalismo é extremamente seletivo, inclusive a escola”, disse usando como exemplo a importância da escola na vida dos adolescentes. “Quando o adolescente que tem poucas oportunidades corta o vínculo com a escola, ele corta o vínculo com a sociedade” e cria, segundo Regina, outras conexões que acabam o levando para a criminalidade.
A diretora do CPERS, Vera Maria Inês Lessês, apresentou um quadro muito difícil da situação individual dos docentes, que segundo ela, vai piorar. No ano passado, a categoria realizou uma greve de 57 dias que, pela primeira vez na história de 75 do sindicato, terminou sem acordo. “Sofremos violência moral por parte do estado, o que tem causado o adoecimento psíquico e emocional dos nossos professores. Já tivemos muitos casos de suicídio”, lamentou Vera.
O debate contou com a presença de Sônia Mara Ogiba, diretora de Comunicação do ADUFRGS e psicanalista, membro da APPOA e Instituto APPOA – clínica, intervenção e pesquisa em psicanálise, Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS e coordenadora do Núcleo de apoio ao professor – NAP, Vera Maria Inês Lessês, diretora sindical do Cpers e coordenadora de saúde dos trabalhadores em educação e Regina Jaeger, psicóloga da FASE – Fundação de Atendimento Sócio-educativo.