Número de alunos em sala de aula prejudica o aprendizado, diz especialista
Reconhece que o grande número de alunos em sala de aula prejudica não apenas o aprendizado dos alunos, em especial dos que necessitam de cuidados especiais, como os autistas.
Comunicação Sinpro/RS
Sala de aula | Publicado em 04/04/2013
A representante da Coordenação de Inclusão Educacional da Secretaria de Estado de Educação do Rio, Norma Curty, reconhece que o grande número de alunos em sala de aula prejudica não apenas o aprendizado dos alunos, em especial dos que necessitam de cuidados especiais, como os autistas.
“A redução é importante para a aprendizagem de qualquer sujeito. Já reduzimos um pouco o número, mas ainda é alto, com o limite de 50 alunos por sala. Por enquanto, não temos como diminuir. Mas para a criança autista clássica, com dificuldade de compreensão, a secretaria oferece monitores, para acompanhar essa criança e facilitar a mediação entre ela, o processo de aprendizagem, o professor e os amigos”.
A representante da secretaria disse que há cerca de 40 monitores para auxiliar casos mais graves de autismo, cadeirantes com mobilidade reduzida, dentre outros estudantes com grave comprometimento. Norma lembrou que os autistas clássicos têm maior comprometimento na área da comunicação e da linguagem e são casos mais complexos. Segundo ela, os portadores da síndrome de Asperger têm bom nível de aprendizagem e inteligência muito desenvolvida, porém dificuldades de interação social e de comunicação similares às de um autista clássico.
No ano passado, a rede estadual de ensino atendia 34 alunos autistas no segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio. Um núcleo pedagógico especializado orienta as escolas e os professores no acompanhamento desses alunos, além de dispor de salas de recursos multifuncionais para dar suporte. Para Norma, reduzir o número de estudantes em sala não é a única resposta para o problema da inclusão e um dos maiores desafios é entender as peculiaridades do autista para poder efetivamente ajudá-lo no processo de aprendizado.
“A angústia maior do professor é lidar com esse suposto silêncio, afastamento do aluno, compreender como chegar até ele e como tirar esse aluno do isolamento. Nossas equipes fazem capacitação desses professores durante todo o ano em todas as áreas, não só do autismo”, declarou ela ao lembrar que a inclusão não passa apenas pela escola: “É um trabalho conjunto: família, escola, sociedade, políticas públicas para atender às necessidades desses alunos. Existe toda uma postura de aceitação, de se libertar dos preconceitos, dos estigmas, dos medos”.
A diretora do Instituto Helena Antipoff, centro de referência de educação especial da prefeitura do Rio, Kátia Nunes, diz que a quantidade de alunos na sala não é o maior problema, mas, sim, a falta de esclarecimento e preparo dos professores para lidar com alunos com diferentes deficiências e síndromes, um fenômeno relativamente novo, segundo ela.
“Temos que ter um professor pesquisador, observador, com um novo olhar diante da diversidade, que atenda às necessidades específicas desses alunos que antes estavam em casa e agora estão nas escolas”, disse. Segundo ela, há professores que desenvolvem um ótimo trabalho com 30 alunos em sala e outros que não conseguem trabalhar bem com dez.
Kátia informou que a prefeitura atende cerca de mil alunos com TGD (Transtornos Globais do Desenvolvimento) – todos os tipos de autismo e psicoses infantis. Além de uma semana de capacitação de professores no início do ano letivo, o município oferece formação continuada sobre os diferentes tipos de deficiência, facilitadores e aulas de apoio fora do horário escolar. Entretanto, segundo ela, faltam disciplinas nas universidades para a formação dos professores sobre educação especial.
Com informações de UOL.