Pesquisa indica que professores necessitam de apoio técnico e psicológico durante a quarentena
Levantamento do Instituto Península aponta que 88% dos professores nunca tinha dado aula à distância de forma remota e 83,4% não se sentem preparados
Por Comunicação Sinpro/RS
ESTUDO | Publicado em 13/07/2020
É enorme o tamanho do desafio que o fechamento das escolas e a suspensão das aulas impôs às escolas e, principalmente, aos professores, responsáveis por fazer a interlocução com os estudantes durante a vigência do distanciamento social. Para entender o que isso significa, basta dizer que, antes da paralisação das aulas presenciais, 88% dos professores nunca tinha dado algum tipo de aula remota. Essa é uma das descobertas da segunda onda da pesquisa Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do Coronavírus no Brasil.
Enquanto a primeira onda teve como objetivo ouvir como professores estavam se sentindo no estágio inicial da quarentena, ou seja, até duas semanas após a suspensão das aulas presenciais, o segundo momento buscou compreender qual é a situação dos docentes considerando um estágio intermediário, após seis semanas de isolamento.
As descobertas da pesquisa foram divididas em quatro blocos: como os professores estão se sentindo, o que pode ajudar a explicar esses sentimentos, como estão lidando com o contexto atual e quais mudanças ocorreram desde o início da pandemia. No bloco um, por exemplo, é possível notar que predominam sentimentos negativos entre professores: 67% estão se sentindo ansiosos, 38% cansados, 36% entediados, 35% sobrecarregados, 34% estressados e 27% frustrados. Apenas 9% se dizem alegres e 23% calmos.
Heloísa Morel, diretora executiva do Instituto Península, ressalta o aumento no nível de ansiedade dos professores, sentimento que já existe na rotina de aulas presenciais, mas que foi exacerbado pelo contexto da COVID-19. “Chegar a conclusão de que quase 90% dos professores jamais tiveram uma experiência de ensino remoto nos possibilita perceber a dimensão do problema porque, na verdade, está todo mundo começando do zero. Ter 10 ou 12% da população com alguma experiência prévia não é suficiente para dar conta dos desafios de um país de dimensões continentais como o Brasil”, explica.
A relação entre apoio emocional e técnico
Um dos grandes achados que pode ser usado para explicar o estado de espírito dos professores citado acima, é que 83,4% dos respondentes afirmaram não se sentir nada ou pouco preparados para ensinar de forma remota. Não à toa, a formação para ensinar a distância é a primeira demanda de apoio que professores gostariam de receber no momento, seguido de apoio pedagógico para auxiliar os alunos. “A pesquisa mostrou que os professores não querem instruções referente às disciplinas, e sim ajuda sobre como dar aula à distância”, reforça Heloísa.
Essa falta de suporte prático e técnico pode desencadear os sentimentos de ansiedade e angústia descritos acima, o que, por sua vez, afeta o bem-estar e a saúde mental dos professores. 75% dos respondentes afirma não ter recebido qualquer tipo de suporte emocional durante esse período ao passo que, nas três redes analisadas – municipal, estadual e pública –, a preocupação com a saúde mental é superior a 80%. É por isso que, em terceiro lugar, os professores afirmam que gostariam de receber apoio psicológico/emocional.
Com informações de Porvir.