Sinpro/RS apoia jejum contra a Reforma da Previdência

O jejum é mais um desdobramento da luta que se estendeu durante todo o ano de 2017

Comunicação Sinpro/RS
Justiça | Publicado em 14/12/2017


Na tarde desta quinta-feira, 14, a direção do Sinpro/RS, em reunião da diretoria, decidiu fazer uma visita de reconhecimento ao esforço e sacrifício dos que estão em jejum contra a Reforma da Previdência na Assembleia Legislativa do RS. A visita ocorreu logo em seguida, no final da tarde. “Esse gesto significa que estamos em total sintonia com todas as iniciativas para combater a Reforma da Previdência. O jejum é mais um desdobramento da luta que se estendeu durante todo o ano de 2017. Trata-se de uma medida extrema, numa circunstância de muita dificuldade para outras formas de mobilização. Justamente por isso, o sindicato reconhece e se solidariza com essa ação e se faz presente nesta e em outras ações”.

Desde às 10h30min da última quarta-feira, 13, um grupo de dez trabalhadores urbanos e rurais do Rio Grande do Sul aderiu ao um movimento nacional de greve de fome contra a reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB), projeto que pode ser votado em plenário na Câmara dos Deputados no dia 18 de dezembro. A manifestação ocorreu na esplanada da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

O movimento foi desmobilizado no fim da tarde depois que o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, anunciou que a votação da matéria foi adiada para ocorrer a partir de 19 de fevereiro de 2018.

Entre os grevistas estão militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Frente Brasil Popular, FeteeSul, Pastorais Sociais da CNBB, pelo Serviço de Justiça, Paz e Integridade e a Província Franciscana do Rio Grande do Sul. De acordo com o MST e o MPA, o jejum deve durar até a data prevista para a votação do projeto.

A mobilização integra o movimento iniciado no dia 5, em Brasília, em que três agricultores iniciaram a greve de fome no Salão Verde da Câmara e receberam a adesão de outros manifestantes (Leia reportagem do Extra Classe). Trabalhadores rurais também iniciaram um jejum na Assembleia Legislativa de Sergipe. A vigília Dias de Fome Contra a Reforma da Previdência, na Assembleia Legislativa de SC reúne militantes do MMC/SC, MPA/SC, MAB/SC e MST/SC, que receberam pela manhã o apoio do Levante Popular da Juventude.

REFORMA DA MORTE – Desde que iniciou a greve de fome no país, entidades e movimentos populares denunciam que as recentes notícias da proposição do relator da Reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS-BA), de retirar os trabalhadores rurais da proposta encaminhada para votação não se confirma. De acordo com o militante do MPA, Maister da Silva, a reforma acaba com direitos que foram conquistados com muita mobilização social e que até então estão assegurados na Constituição de 1988. “Eles querem retirar a nossa condição de segurado especial, alterar a idade mínima para aposentadoria e excluir a maioria dos agricultores da Previdência. A vida útil do trabalhador rural não vai alcançar até a época dele se aposentar. É uma reforma da morte, porque vai condenar muitos camponeses à morte no Brasil”, ressalta. Roberta Coimbra, dirigente do MST, afirma que a proposta de Temer penaliza principalmente as mulheres rurais, que carregam uma jornada tripla de trabalho dividida entre os cuidados da casa, da família e da lavoura. “As mulheres sempre tiveram dificuldades no tema da Previdência. Faz pouco tempo que conquistamos o direito à aposentadoria pelo ofício do trabalho, antes recebíamos uma pensão após a morte do marido. Mas ainda hoje somos as mais prejudicadas em relação aos direitos. O aumento da idade mínima mostra que as mulheres camponesas trabalharão até a morte sem se aposentar”, alerta.

PRESSÃO – Um calendário 2018 de parede lançado pela CUT-RS no início da semana exibe as fotos, nomes e partidos dos deputados e senadores gaúchos que votaram a favor da reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017). O projeto, apresentado por Temer foi aprovado por maioria na Câmara em 26 de abril e, no Senado, em 11 de julho, sendo sancionado às pressas para vigorar a partir de 11 de novembro. O material já está disponível para download na seção Publicações do site da CUT-RS, onde os sindicatos e as federações filiadas poderão baixar, colocar a sua logomarca e fazer a distribuição aos trabalhadores neste período de fim de ano. “Não podemos esquecer, principalmente na hora da eleição em 2018, os deputados e senadores do Rio Grande do Sul que ficaram do lado dos interesses dos golpistas, rasgando a CLT e precarizando o mundo do trabalho”, destaca Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS. Já a reforma da Previdência altera mais de cem itens da CLT, e anula direitos conquistados pela classe trabalhadora ao longo da história, lembra o dirigente. “As alterações foram feitas sob encomenda das grandes federações empresariais para aumentar os lucros das empresas, tentar enfraquecer as entidades sindicais e desmontar a Justiça do Trabalho, prejudicando os trabalhadores”.